As incrições para o Concurso Literário José Pereira Lins, promovido pela FACALE/UFGD como parte das comemorações dos 40 anos do curso de Letras, podem ser feitas até 30 de Setembro de 2011.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Quem foi José Pereira Lins (1921-2011)[1]?

 “O livre arbítrio, para mim, é uma utopia necessária ao homem [...] nós vivemos de uma utopia, mas é uma necessidade de sonhar, porque quem não tiver esse sonho já fracassou” (José Pereira Lins).

José Pereira Lins nasceu no dia 5 de fevereiro de 1921, na cidade São José de Piranhas (PB). Mudou-se para Mato Grosso com a mãe e vinte e quatro irmãos após o falecimento do pai, em 1937, no período em que Getúlio Vargas decretou a “marcha para Oeste”.

Os pais não tinham muita instrução. Eles levavam uma vida muito sofrida na região sertaneja. Contudo, o patriarca da família lia muito, era um autodidata. Foi ele quem incentivou o professor Lins no contato com mundo das palavras escritas. A mãe era analfabeta e nunca se interessou, porém, ela sempre apoiou o esforço do filho no curso da aprendizagem, bem como o irmão Guilherme Evangelista, que o alfabetizou com o auxílio da leitura de pedaços de jornais, almanaques, que eram muito comuns naquela época.

Ele pertenceu à primeira turma do curso ginasial de Campo Grande – Ginásio Estadual Campograndense, hoje, Colégio Maria Constância Barros Machado. Na escola, eram feitos concursos de leitura e de oratória, muitas vezes disputados em praça pública, com a presença de professores de outras cidades que ajudavam na escolha dos finalistas. Em 1951, concluiu o Ensino Superior da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Universidade Federal do Paraná). 

No que diz respeito a sua trajetória de leitura, recorda-se primeiramente do Novo Testamento e menciona que ler é sua grande paixão, e não escrever literatura. Aliás, por vezes, entende que a escrita ‘rouba’ seu tempo de leitura: “Eu nunca pensei em ser escritor, eu não sou apaixonado em ser escritor. O meu mal, se é que é um mal, é a leitura. Quando eu estou escrevendo, eu penso que esteja roubando meu tempo de leitura”.

Considera-se um leitor compulsivo, destacando entre seus escritores prediletos, José de Alencar, entre outros: “Bem, o autor que realmente formou a minha mente e até a deixou com cicatriz, marcas, foi José de Alencar, [...] na poesia, eu li muito Casimiro de Abreu, [...] também Gonçalves Dias", do qual a poesia que mais o tocou, revela José Pereira Lins, foi I-Juca-Pirama”.

Essa paixão pela leitura rendeu bons frutos para a região da Grande Dourados. Em 1991, o professor Lins fundou a Academia Douradense de Letras (ADL), reorganizada em 1993. Em sua opinião, a Academia consegue cumprir o papel de confraternização, de troca de ideias a respeito da Literatura, além de noticiar novos livros e incentivar os autores a publicar. José Pereira Lins Lins também foi fundador da Escola Técnica Oswaldo Cruz, uma das primeiras de Dourados.

Para ele, as Universidades desempenham um papel fundamental no incentivo às pesquisas sobre escritores regionais. Menciona que sua obra - Lobivar Matos, o escritor desconhecido - é divulgada graças às pesquisas. Mais especificamente, destaca o trabalho de divulgação dos escritores de Mato Grosso do Sul, realizado pelo docente da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, o Prof. Dr. Paulo Sérgio Nolasco dos Santos.





[1] Agradecemos à Prof. Dra. Alexandra dos Santos Pinheiro, por ceder os dados de sua entrevista com José Pereira Lins, o que nos possibilitou desenvolver este texto.

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