As incrições para o Concurso Literário José Pereira Lins, promovido pela FACALE/UFGD como parte das comemorações dos 40 anos do curso de Letras, podem ser feitas até 30 de Setembro de 2011.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Os organizadores do Concurso José Pereira Lins divulgam, com imensa satisfação, os vencedores do concurso!!!

POESIA
1º lugar - "Neanderthal" (Sérgio Bernardo)
2º lugar - "Resgate" (Tatiana Alves Soares Caldas)

CRÔNICA
1º lugar - "Estrela cadente" (André Telucazu Kondo)
2º lugar - "Deus com presunto e mussarela" (Elias Araujo)

CONTO
1º lugar - "João" (Schleiden Nunes Pimenta)
2º lugar - "Perdas" (Marcia Helena Messa Longo Dutra)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Convite!!!

CONVITE

A Comissão Organizadora do Concurso Literário José Pereira Lins convida todos os participantes para a solenidade de premiação, a ocorrer no dia 22 de novembro de 2011, às 19 h, no Cine-auditório da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), localizado à Rua João Rosa Góes, 1761, Vila Progresso, Dourados-MS.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Novas mudanças no Edital. A data de divulgação foi alterada para 22/11/11.

EDITAL DE RETIFICAÇÃO Nº. 02, DE 18 DE OUTUBRO DE 2011

ALTERAÇÕES REFERENTES AO EDITAL Nº. 01, DE 12/07/2011, DE ABERTURA DE INSCRIÇÕES PARA O CONCURSO LITERÁRIO JOSÉ PEREIRA LINS


O PRESIDENTE DA COMISSÃO DO CONCURSO, no uso das atribuições que lhe foram conferidas pela Resolução nº 94/2011/FACALE, RETIFICA o Edital nº 01, de 12-07-2011, publicado no Blog http://letras40anos.blogspot.com.

ONDE SE LÊ

Da divulgação dos resultados

O resultado do concurso será divulgado na cerimônia final do concurso, no dia 21 de outubro de 2011.


LEIA-SE:


Da divulgação dos resultados

O resultado do concurso será divulgado na cerimônia final do concurso, no dia 22 de novembro de 2011.


Permanecem inalteradas as demais disposições do Edital do Concurso Literário José Pereira Lins, nº 1, de 12/07/2011.

Dourados - MS, 18 de outubro de 2011


PROF PAULO BUNGART NETO
Presidente da Comissão do Concurso Literário José Pereira Lins

segunda-feira, 3 de outubro de 2011


Agradecemos a todos que escolheram o Concurso Literário José Pereira Lins para divulgarem seus textos!!!

Aproveitamos também para comunicar  que todos os e-mails foram respondidos e que quem não recebeu confirmação, por favor, entre em contato pelo e-mail: letras40anos@gmail.com

A Comissão do Concurso agradece a todos que participaram!!!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fragmentos, reflexões e ensinamentos do professor Lins *

Canta, Cigarra, canta!
Anuncia a Paz! Une o chilrear das tuas asas à música das estrelas e as choro das criançinhas,ignorantes do futuro que as aguarda, a sacudir os bracinhos agitados para os céus, como a pedir misericórdia a favor deste mundo que todos o queremos melhor! 

(EXALTAÇÃO À CIGARRA. p. 41)



Como se gente fossem ou animais, - semelhantes a peixes, aves e insetos - as línguas passam por um tempo de gestação: nascem, crescem, chegam à maturidade, entram em declínio, morrem e até ressuscitam.
(A FRAGILIDADE DAS LÍNGUAS. p. 55)



Certamente houve decepções, sonhos desfeitos, esperanças que fugiram do lugar onde a depositamos. Leões devoradores tentaram-nos tragar. E o Drummond, sinistramente como no poema de Edgar Alan Poe, a azucrinar-nos a paciência, "e agora José?" E terror no esvaziamento dos minutos que nos restam: "não, nunca mais..."
(BOM DIA, TRISTEZA! p. 81)




"Oh! Dias da minha infância
Oh! Meu céu de primavera!
Que doce a vida não era 
Nessa risonha manhã!"

(A FAMÍLIA DE NAZARÉ. p. 29)





* Retirados do livro Os Olhos de Deus - Crônicas Literárias (2004). 


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Quem foi José Pereira Lins (1921-2011)[1]?

 “O livre arbítrio, para mim, é uma utopia necessária ao homem [...] nós vivemos de uma utopia, mas é uma necessidade de sonhar, porque quem não tiver esse sonho já fracassou” (José Pereira Lins).

José Pereira Lins nasceu no dia 5 de fevereiro de 1921, na cidade São José de Piranhas (PB). Mudou-se para Mato Grosso com a mãe e vinte e quatro irmãos após o falecimento do pai, em 1937, no período em que Getúlio Vargas decretou a “marcha para Oeste”.

Os pais não tinham muita instrução. Eles levavam uma vida muito sofrida na região sertaneja. Contudo, o patriarca da família lia muito, era um autodidata. Foi ele quem incentivou o professor Lins no contato com mundo das palavras escritas. A mãe era analfabeta e nunca se interessou, porém, ela sempre apoiou o esforço do filho no curso da aprendizagem, bem como o irmão Guilherme Evangelista, que o alfabetizou com o auxílio da leitura de pedaços de jornais, almanaques, que eram muito comuns naquela época.

Ele pertenceu à primeira turma do curso ginasial de Campo Grande – Ginásio Estadual Campograndense, hoje, Colégio Maria Constância Barros Machado. Na escola, eram feitos concursos de leitura e de oratória, muitas vezes disputados em praça pública, com a presença de professores de outras cidades que ajudavam na escolha dos finalistas. Em 1951, concluiu o Ensino Superior da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Universidade Federal do Paraná). 

No que diz respeito a sua trajetória de leitura, recorda-se primeiramente do Novo Testamento e menciona que ler é sua grande paixão, e não escrever literatura. Aliás, por vezes, entende que a escrita ‘rouba’ seu tempo de leitura: “Eu nunca pensei em ser escritor, eu não sou apaixonado em ser escritor. O meu mal, se é que é um mal, é a leitura. Quando eu estou escrevendo, eu penso que esteja roubando meu tempo de leitura”.

Considera-se um leitor compulsivo, destacando entre seus escritores prediletos, José de Alencar, entre outros: “Bem, o autor que realmente formou a minha mente e até a deixou com cicatriz, marcas, foi José de Alencar, [...] na poesia, eu li muito Casimiro de Abreu, [...] também Gonçalves Dias", do qual a poesia que mais o tocou, revela José Pereira Lins, foi I-Juca-Pirama”.

Essa paixão pela leitura rendeu bons frutos para a região da Grande Dourados. Em 1991, o professor Lins fundou a Academia Douradense de Letras (ADL), reorganizada em 1993. Em sua opinião, a Academia consegue cumprir o papel de confraternização, de troca de ideias a respeito da Literatura, além de noticiar novos livros e incentivar os autores a publicar. José Pereira Lins Lins também foi fundador da Escola Técnica Oswaldo Cruz, uma das primeiras de Dourados.

Para ele, as Universidades desempenham um papel fundamental no incentivo às pesquisas sobre escritores regionais. Menciona que sua obra - Lobivar Matos, o escritor desconhecido - é divulgada graças às pesquisas. Mais especificamente, destaca o trabalho de divulgação dos escritores de Mato Grosso do Sul, realizado pelo docente da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, o Prof. Dr. Paulo Sérgio Nolasco dos Santos.





[1] Agradecemos à Prof. Dra. Alexandra dos Santos Pinheiro, por ceder os dados de sua entrevista com José Pereira Lins, o que nos possibilitou desenvolver este texto.

A FASCINAÇÃO DE UM OLHAR

      Nada mais triste do que um par de olhos tristes!
      Os namorados sabem disso, os poetas também.
      Deu Cristo, aos olhos, a conceituação de "espelhos da alma..." Sejam eles verdes, azuis ou pretos, castanhos ou, talvez, cinzentos. Se têm a forma da lua cheia, ou o contorno das amêndoas orientais, isso não faz a diferença. Apenas a preferência de um gosto indiscutível. Buscamos na poesia nossas referências. O apaixonado Gonçalves Dias começa por amar "uns olhos verdes, verdes, uns olhos de verde mar." Mas, logo, bom poeta que era e "fingidor", volta a sua lira noutra direção como se os olhos fossem crianças travessas, irrequietas e inconstantes, e eles mudam de cor. Assim: "Seus olhos tão negros, tão puros, de vivo luzir, são meigos infantes, gentis, engraçados, brincando, saltando, em jogo infantil, inquietos, travessos causando tormento, com beijos nos pagam a dor de um momento, com modo gentil". Laura Margarida Queiroz como a que desconfiar do galanteio do poeta, responde: "Esses teus olhos castanhos, já não são olhos: são versos." E, "os teus olhos cinzentos (contesta o poeta) ocultam a melancolia do teu viver". Nesta rinha, os mais ousados e menos românticos à semelhança de Aníbal Teófilo (não se diz ele "amigo de Deus"?) deixa de considera-lo pela cor ou tamanho e vê neles somente atributos: "Olhos feitos de mágoa e de doçura, tristes como dois anjos decaídos". O epicurista B. Lopes, tomando partido, satiriza, classificando-os de "dois orvalhos bagos de uma uva preta". Baptista Cepelos sai em defesa e aparteia. "Então, são belos como um domingo, como sinos a repicar". Não sabemos, entretanto, o que teria perturbado Osório Duque-Estrada, o celebrado autor da letra do Hino Nacional, quando confessou: "Por entre sombras escuras, vejo-os negros e tristonhos, como as negras sepulturas dos meus sonhos". Desiludido, lamenta-se Guimarães Passos: "Os olhos da mulher mais linda, são duas fontes de mentira e crime, onde dos homens a ventura finda", no que Machado de Assis discorda por inteiro e diz: "Teus olhos são meus livros. Que livro há, em que melhor se leia a página do amor?" Fagundes Varela não é tão entusiasmado como pareça, e vê nos olhos apenas "duas sílabas que lhe custam soletrar". "Nem isso", insinua Guimarães de Almeida: "Os olhos não passam de dois pensamentos materializados de tristíssimos crepúsculo..."
          E o romantismo, continua sendo o grande sustentáculo do amor e o galanteio sua maior força. Todavia, poetas à parte, que diz o Cristo? Ouça-o: 
          "São os teus olhos a lâmpada do teu corpo; se os teus olhos forem bons, todo o seu corpo será luminoso; mas se forem maus, o teu corpo ficará em trevas". 
          Assim, sejam eles verdes ou azuis, pretos, castanhos, ou talvez cinzentos; embora tenham a forma de lua cheia ou o contorno das amêndoas do oriente, vivazes ou tristes, sempre serão espelhos da alma fascinantes e autênticos pois

                             "A boca mente, 
                                            Os olhos não"



[LINS, José Pereira. A fascinação de um olhar. In: Os olhos de Deus - Crônicas Literárias. Dourados-MS: Dinâmica, 2004. p. 71-75]